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212 anos de Bloqueio Continental

212 anos de Bloqueio Continental

Conteúdo postado em 21/11/2018

Olá amigas e amigos CACDistas! 

 

Há exatos 212 anos atrás, no dia 21 de novembro de 1806, era decretado o chamado Bloqueio Continental. Qual sua relevância histórica? Por que razão essa estratégia foi lançada? Quem foram os envolvidos nessa celeuma?

Bora revisar?

 

O século XIX iniciou-se de maneira violenta. Com o objetivo de acabar com a monarquia absolutista e difundir o ideal da Revolução Francesa, Napoleão travou diversas batalhas com a maior parte dos países europeus.

 

Nascidos, pois, como corolário da Revolução Francesa, vieram os conflitos que conhecemos, hoje, como Guerras Napoleônicas, que assolaram o Ocidente de 1803 a 1815.

 

No começo do século XIX, o continente europeu vivia as agitações políticas e militares causadas pelo domínio napoleônico. A França conquistava diversos territórios e modernizava a sua economia a contragosto das diversas monarquias que repudiavam o processo revolucionário daquele país. Entre esses opositores estava a Inglaterra, uma das poucas nações que tinham condições econômicas e bélicas para se contrapor ao governo de Napoleão Bonaparte.

 

Como bom estrategista que era e ciente do poder de seu mais importante rival, Napoleão Bonaparte resolveu tomar uma medida de natureza autoritária, ao divulgar o chamado Bloqueio Continental. Decretado em 21 de novembro de 1806, à época da Terceira Coligação das Guerras Napoleônicas, o documento estabelecia que todos os portos da Europa deveriam fechar suas portas para as embarcações inglesas. Desse modo, a França expandiria o seu mercado consumidor, imbuído do espírito iluminista da Revolução Francesa; ao mesmo tempo em que enfraqueceriam a hegemonia econômica de seu maior rival nos campos de batalha.

 

Logo, o Bloqueio proibiu os países europeus a realizarem qualquer comércio com o Império Britânico e, mais, obrigou todos os navios comerciantes que entravam ou saíam da Europa a passar por portos franceses para serem vistoriados. Fácil é perceber que o objetivo era destruir a capacidade dos ingleses de realizarem comércio, essencial para manutenção do império. Sem o comércio, a economia inglesa colapsaria e o Reino Unido se tornaria mais frágil. Qualquer nação que se colocasse contrária seria atacada.

 

Naturalmente, a exigência francesa tinha natureza autoritária e não poderia ser imediatamente seguida pelas várias nações que apoiavam e dependiam, economicamente, das manufaturas inglesas. Uma das situações mais complicadas se deu com o caso português que tinha a  nação que servia de porta de entrada para a Europa Continental e dependia sobremaneira dos produtos industrializados britânicos.

 

Militarmente, os portugueses não teriam como resistir a um ataque das tropas de Napoleão Bonaparte ao seu território. Economicamente, era impossível que os portugueses abrissem mão do consumo de mercadorias britânicas. Mediante esse impasse, Dom João VI, príncipe regente da época, procurou adotar uma postura neutra junto às duas potências que o pressionavam.

 

Tentou-se fazê-lo o quanto pôde, mas acabou por ceder, preferindo aliar-se aos ingleses. O reino de Portugal assinou uma convenção secreta, na qual ficava decidida a transferência do governo português para o Brasil. Enquanto os ingleses se comprometiam a defender o território lusitano contra a França. A Coroa Portuguesa entregava, assim, sua esquadra e garantia a abertura dos portos brasileiros para os ingleses. No dia 29 de novembro de 1807, diversas embarcações saíram de Portugal levando a nobreza e a Família Real daquele país ao Brasil.

 

Consequências do bloqueio continental

 

Inicialmente, o ataque foi bastante efetivo, reduzindo as negociações britânicas entre 25% e 50%. Além de várias outras consequências. Vejamos:

 

- Alguns países foram bastante beneficiados, como a Bélgica ou a Suíça e a região norte da França, que tiveram um grande aumento nos lucros devido à falta da concorrência britânica;

 

- Alguns setores foram prejudicados, inclusive na França, como a indústria naval;

Portugal, como já falado, colocou-se contra a imposição de Napoleão. Com a ajuda dos ingleses, a família real transferiu-se para o Brasil;

 

- Como retaliação, os franceses cruzaram a Espanha e invadiram Portugal. Com o apoio britânico, as populações dos dois países se revoltaram em um conflito conhecido como Guerra Peninsular. Napoleão, então, coloca seu irmão no trono espanhol;

 

- O Brasil viu seu destino mudado com a transferência da corte. Houve várias mudanças positivas e a necessidade inglesa por parceiros comerciais ajudou a desenvolver o comércio da colônia. Essas mudanças, somadas ao espírito de nacionalismo que se fortalecia, levaram, mais tarde, à Independência do Brasil em 1822;

 

OBS.: Com o objetivo de beneficiar a Inglaterra, em 1808, D. João de Bragança promulgou a abertura dos portos no Brasil para as nações amigas de Portugal, o que acabou por beneficiar a Inglaterra. Esse decreto, na sequência da transferência da família real, dá início ao processo que leva à independência do Brasil.

 

- As colônias espanholas na América também foram influenciadas. Paralelamente às revoltas na Espanha, iniciaram-se movimentos contrários ao Rei considerado ilegítimo. Esses movimentos acabaram por desencadear os processos de independência da maioria dos países latino-americanos.

 

Além disso, a Rússia, que inicialmente se aliou à França, acabou se prejudicando com o bloqueio e retomou o comércio com a Inglaterra em 1812. Isso levou as tropas napoleônicas a invadirem o território russo em uma campanha, cujo fracasso - que já é conhecido e, portanto, não será objeto dessa coluna - mudou os rumos da guerra.

 

O Bloqueio Continental foi uma poderosa arma contra o Reino Unido. Permitiu, pois, que a França de Napoleão Bonaparte se colocasse contra um poder militar que não seria capaz de enfrentar normalmente, mas que era praticamente impossível sua manutenção por muito tempo. Napoleão acabou sendo derrotado, o que mudou severamente os rumos da história.

 

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