Seja Diplomata, Faça Sapientia Recorde de Aprovação no CACD

Conteúdo Sapiente

Complemente seu Estudo



Fatos Históricos

70 anos da independência de Israel

70 anos da independência de Israel

Conteúdo postado em 21/03/2018

Olá, meus caros leitores!

 

Em 2018, fará 70 anos da independência do Estado de Israel. O complexo panorama do Oriente Médio de hoje e, dentro dele, do conflito árabe-israelense - longe de ter solução -, perpassa, sem dúvida, pelo surgimento de Israel no mapa da região.

 

O denominado Oriente Médio, desde o início do século XX, é uma região muito disputada seja no âmbito do comércio mundial, seja no campo da geopolítica global. É, pois, uma região marcada por disputas imperialistas por mercados, bem como por áreas de influência.

Essa conjuntura, grosso modo, funcionou como um ambiente propício para o surgimento de novos países "artificiais" - como Jordânia e Kuait - e de diversos conflitos ao longo do século XX.

 

O principal fato gerador de toda essa efervescência pode ser atribuído ao fim da Primeira Guerra Mundial. Foi por meio dela que o Império Otomano ruiu, razão pela qual o Oriente Médio completamente dividido em fatias de influência pelas potências da época - Reino Unido e França. As esferas de influência foram divididas da seguinte maneira: Iraque, Palestina e Irã sob influência britânica; Síria e Líbano, sob influência francesa.

 

Com a Segunda Guerra Mundial, a geopolítica mundial sofre uma reorganização em seu equilíbrio de poder. As antigas potências coloniais europeias - França e Reino Unido - dão lugar, agora, a um mundo bipolar, dominado pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Sintomático, pois, os efeitos da Guerra Fria na região do Oriente Médio que se tornou um verdadeiro tabuleiro de jogo das duas grandes potências da época.

 

Interessante pontuar que reduzir o conflito árabe-israelense como resultado exclusivo do arranjo geopolítico seria uma falácia, já que a situação possui complexidades internas muito particulares que vão muito além das disputas interimperialistas pela conquista de matérias-primas, mercados e esferas de influência.

 

Para se compreender apenas um dos fatores motivadores dessa miríade de conflitos árabes-israelenses devemos perpassar, ainda que de forma breve, pelo histórico da criação do Estado israelense.

 

Como se deu o surgimento do estado de Israel?

Sionismo como linha mestra


É sabido que o movimento sionista - movimento internacional judeu - havia aprovado, por ocasião da I Conferência Sionista de 1897, a criação de um Estado judeu em território Palestino, local onde os hebreus viveram antigamente, antes de serem expulsos pelos babilônios e, posteriormente, pelos romanos e obrigados a se dispersarem pelo mundo na conhecida "diáspora judaica".

 

Para dar seguimento ao plano estabelecido na conferência, estava previsto a aquisição de terras na Palestina e a emigração do povo judeu àquelas terras. Ocorre, no entanto, que dentre as graves questões que começariam a surgir com relação à restruturação da nação judia em seu próprio solo, havia uma que preocupava ainda mais: a questão do relacionamento entre os judeus e árabes. Nessa época, crescia o movimento anti-semita na Europa, o que fomentou ainda mais a ideia sionista. Intelectuais judeus defendiam com veemência a necessidade de se criar um Estado nacional judaico, justamente, em resposta ao anti-semistismo crescente.

 

A primeira grande conquista diplomática dos sionistas ocorreu em meio à Primeira Guerra Mundial quando o governo britânico manifesta apoio ao projeto sionista, por meio da denominada Declaração de Balfour (1917).

 

Aqui, temos um ponto crucial para o conflito, pois concomitantemente a Grã-Bretanha oferece apoio tanto aos sionistas quanto aos árabes.

 

Antes mesmo da Declaração de Balfour, o governo britânico havia se comprometido a apoioar o estabelecimento de um reino árabe independente no Oriente Médio como medida de retribuição ao apoio árabe na guerra contra os otomanos.

 

Não se pode olvidar, também, que havia uma "divisão" em áreas de influência já acordadas entre franceses e britânicos sobre essa região em uma futura vitória aliada.

 

Em 1919, com a Conferência de Paz de Paris, nasce o sistema de mandatos das nações antes pertencentes ao Império Otomano, que deveriam ser administrados pelas potências vencedoras. A priori, essa administração teria a finalidade de preparar esses povos para se organizarem como países e, em um futur, viverem como Estados independentes.

 

Em 1920, com o Tratado de San Remo, estabelecia-se os territórios do atual Iraque, da Palestina e da atual Jordânia como mandatos britânicos, enquanto os territórios da Síria e do Líbano ficaram como mandatos franceses.

 

Em 1922, a Liga das Nações aprova o sistema de mandatos, ratificando, portanto, os termos da Declaração de Balfour relatico ao estabelecimento de um Estado nacional judaico na Palestina. Pronto, o ressentimento árabe estava plantado com o patrocínio britânico ao projeto sionista sob a égide de uma política, agora, oficial da Liga das Nações. A partir dessa decisão, a emigração de judeus da Europa para a Palestina se intensificou e, consequentemente, a população judaica fixada em solo palestino ampliou significativamente.

 

A comunidade palestina começa a se organizar para resistir. Surge, então, um movimento nacional palestino de Jerusalém, liderado por Husseini, contrário às medidas das autoridades britânicas e contrário ao estabelecimento do povo judeu naquele território.

 

Grã-Bretanha muda sua política externa para a região


Com o aumento da violência, Londres resolve mudar sua política externa com relação ao movimento sionista.

 

Em 1937, propõe uma solução pautada no plano de partilha da Palestina entre dois Estados separados. O plano foi rejeitado pelos dois lados.

 

Em 1939, o governo britânico abandona a defesa do Estado nacional judaico, propõe o fim da imigração judaica em 5 anos, a criação de um Estado binacional para judeus e árabes.

 

Embora o contexto da Segunda Guerra Mundial tenha contribuído para o apoio britânico aos árabes em troca de apoio tático desses contra a Alemanha nazista, trouxe ainda mais condições favoráveis ao projeto sionista. O massacre de 6 milhões de judeus perpetrado pelo regime nazista durante a guerra sensibilizou a opinião pública em todo o globo, o que fomentou a causa judaica.

 

O terror do Holocausto acelerou e muito a imigração de judeus à Palestina, sobretudo daqueles oriundos da Europa.

 

Em 1946, com o fim da guerra, as negociações pós-guerra indicavam a continuidade do mandato britânico,, o que foi severamente rejeitado pelos sionistas que exigiam o estabelecimento de um Estado Judeu.

 

Londres incapaz de resolver a pendenga, então, transfere o problema à recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU) que, em 1947, vota, Assembleia Geral - então presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha - a resolução 181 acerca da partilha da Palestina. Estabelece-se, pois, a criação de um Estado judeu ao lado de um Estado Palestino. Pela proposta, Jerusalém ficaria sob controle internacional.

 

Aceita pelos sionistas e, obviamente, rejeitada pelos árabes a violência entre as duas comunidades explodiu antes mesmo da completa retirada britânica do território. Conflito que sobrevive até hoje.

 

Em todo caso, o Estado de Israel é proclamado, mesmo em meio a uma conjuntura tão violenta, em 14 de maio de 1948. É reconhecido imediatamente por Estados Unidos e União Soviética.

 

A partir do dia seguinte à sua criação até os dias atuais, a nação recém-nascida é atacada pela comunidade árabe.

sugestao-de-leitura-para-o-cacd-o-quinze

ARTIGOS RELACIONADOS