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Economia

A Crise de 29 e a transformação econômica brasileira

A Crise de 29 e a transformação econômica brasileira

Conteúdo postado em 24/11/2023

Olá, Sapiente!

 

A década de 1930 foi um marco crucial na história econômica do Brasil. Esse período de depressão não apenas abalou a economia global, mas também foi um catalisador para mudanças significativas no panorama econômico interno brasileiro. Enquanto há quem defenda que a Grande Depressão foi o divisor de águas que redirecionou o foco da economia do setor agrário-exportador para a industrialização; por outro lado, outros defendem uma visão mais matizada desse processo.

 

Período de dificuldades

 

Segundo Baer, Suzigan, Simonsen e Furtado, a crise desencadeada pela Grande Depressão gerou desde o fraco desempenho na década de 20 até as dificuldades de importação e exportação do café. Isso desencadeou uma transformação estrutural na economia brasileira. Este momento de ruptura foi interpretado como uma transição para um modelo econômico mais voltado para a produção industrial, de forma a abandonar gradativamente a dependência do agrário exportador. Esse período ofereceu condições propícias para alavancar o setor industrial, inaugurando um crescimento mais robusto.

 

Outras versões do evento

 

No entanto, Versiani, por exemplo, discorda dessa ideia ao argumentar que a década de 30 não trouxe uma interrupção radical no crescimento industrial. Segundo ele, houve uma continuidade no desenvolvimento desse setor, apenas com uma diminuição temporária durante a depressão, de forma a retomar seu curso anos depois.

 

A crise da política do "café com leite", notável com a indicação de Júlio Prestes por Washington Luís ao invés de um mineiro, culminou na formação da Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas e João Pessoa. Esses eventos desencadearam uma série de turbulências políticas e, em meio à crise econômica, os militares assumiram o poder, de maneira a instaurar Vargas como presidente.

 

Enquanto a economia cafeeira enfrentava uma crise persistente ao longo da década de 30, a indústria começava a se reerguer em 1931, impulsionada pelo capital acumulado na década anterior e pela proteção gerada pela desvalorização cambial. Essa retomada impulsionou políticas voltadas para o setor industrial, o que marcou a institucionalização da Política de Substituição de Importações de 1930 a 1980. Nesse contexto, surgem quatro interpretações sobre a origem da indústria nesse período e sua relação com a economia cafeeira. 

 

A teoria dos choques adversos

 

A teoria dos choques adversos, defendida por Furtado, Tavares, Simonsen e pela CEPAL, destaca a influência dos choques externos, como as guerras e a Grande Depressão, na promoção do desenvolvimento industrial. Esses eventos aumentaram os preços das importações, direcionando a demanda interna para a produção nacional. Contrapondo essa visão, a teoria da industrialização liderada pelas exportações, de Jean e Pelais, destaca a interdependência entre o setor agrário-exportador e o crescimento industrial, enfatizando o efeito renda-demanda. Versiani sugere que ambas as teorias são relevantes e complementam-se, tendo em vista a conjunção de períodos de dificuldades no setor externo como impulsionadores do crescimento industrial.

 

A teoria do Capitalismo Tardio

 

Já a teoria do Capitalismo Tardio argumenta que, devido ao atraso do Brasil na inserção no mercado capitalista global, o país permanecia dependente do setor externo, o que limitava o crescimento industrial. Esta dependência seria superada com a conclusão da industrialização nacional.

 

A Teoria da Industrialização

 

Por fim, a Teoria da Industrialização liderada por Políticas Governamentais, defendida por Versiani, ressalta a intenção do governo em promover a industrialização, embora suas políticas fossem esporádicas e setoriais até 1930, momento em que a economia foi impulsionada pelo setor industrial.

 

Essas diferentes interpretações nos levam a compreender que a transformação econômica brasileira durante a Grande Depressão foi complexa e multifacetada. A década de 30 marcou não apenas uma crise econômica, mas também o início de um novo paradigma econômico no Brasil, com um foco cada vez maior na industrialização e na busca por políticas econômicas mais sólidas e consistentes.

 

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Até a próxima!

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