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A reaproximação da península coreana: início de uma nova era ou desafios iminentes?

A reaproximação da península coreana: início de uma nova era ou desafios iminentes?

Conteúdo postado em 08/05/2018

Olá, futuros e futuras diplomatas sapientes!

 

Reaproximação entre as Coreias, celebração de acordo na ZDC e a proposta de desnuclearização paulatina


O tema sobre Atualidades de hoje nada mais é do que a tentativa de reaproximação que começou a borbulhar um pouco antes das Olimpíadas de Inverno entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, um feito até então difícil de se imaginar. Para aqueles que não sabem, no final do mês passado foi celebrado entre as Coreias no eixo sul-coreano da Zona Desmilitarizada da Coreia (ZDC) um acordo entre os líderes dos dois países, de um lado o ditador Kim Jong-Un e do outro o presidente Moon Jaen-In, cujos principais objetivos eram de anunciar uma nova era de paz, assim como desnuclearizar a península coreana, que será feita por etapas e a medida em que as tensões entre os países forem diluídas mediante a construção de uma confiança mútua militar. Aliás, este um ponto importante que incomoda os EUA, já que isso iria de encontro a proposta americana de uma desnuclearização imediata e efetiva inicialmente proposta.

 

Panorama histórico: Guerra Russo-Japonesa de 1905, Fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, Conferência do Cairo, Guerra Fria em 1948, Guerra da Coreia de 1950-53


Todo esse histórico de hostilidades entre as Coreias teve início no final da Segunda Guerra Mundial de 1945, que encerrou a fase de domínio de 35 anos do Japão sobre a Coreia. A Coreia havia se tornado colônia do Japão após a Guerra Russo-Japonesa de 1905, tendo sido anexada oficialmente por este país em 1910 sob a assinatura do Tratado de Anexação Japão-Coreia. Em 1943, durante a Conferência do Cairo, aliados se reuniram contra o Japão e diante deste, sob a figura de Chiang-Kai-Shek, para definir as intenções deles de continuarem com as forças militares até a total e completa renúncia do Japão e a consequente perda de territórios conquistados à força, como os da antiga colônia coreana, definindo-se assim os novos rumos da Ásia no pós-guerra.

 

Com o fim da Segunda Grande Guerra e do domínio do Japão, teve-se início a Guerra Fria em 1948, com uma proposta entre os EUA e a antiga União Soviética de ocupar temporariamente a Coreia em uma zona demarcada denominada Paralelo 38 que estabeleceria um governo coreano provisório, ficando a região norte a cargo da União Soviética e o sul com os EUA.

 

Cada região acreditava ser o governo legítimo da Coreia, o que culminou com uma guerra chamada Guerra da Coreia, de 1950 a 1953, que teve início com o ataque dos norte-coreanos à região sul, apoiados belicamente pelos soviéticos e a China. O cessar-fogo veio através da Resolução 83 do Conselho de Segurança das Nações Unidas da ONU. Somente em 1953 foi assinado um acordo de armistício coreano para encerrar a Guerra da Coreia e assegurar uma cessação completa de hostilidades. Além disso, foi aí que se estabeleceu a Zona Desmilitarizada da Coreia, que significou basicamente uma nova fronteira entre os dois países.

 

Transformações das relações na península coreana: pontos acordados durante a cimeira histórica de 27 de abril de 2018


Com este breve panorama histórico, e tendo em vista que não houve um acordo formal de paz no passado com o fim da Guerra da Coreia, veremos se haverá uma verdadeira transformação das relações na Península coreana ou se tudo não se trata de mais uma estratégia do ditador Jim Jong-Un. Esta não é a primeira tentativa de aproximação, em 1988 as conversas entre as duas coreias não terminaram nada bem logo após os Jogos Olímpicos de Inverno da época, resultando em um maior isolacionismo da Coreia do Norte com o fortalecimento de suas forças militares e do seu programa nuclear.

 

Dentre os atuais pontos discutidos e acordados, além da desnuclearização já mencionada, estão: o estabelecimento de um centro de contato entre os dois países na cidade norte-coreana de Kaesong, que funcionou como um complexo industrial financiado pela Coreia do Sul entre 2002 e 2016; a competição conjunta em eventos desportivos internacionais, como as Olimpíadas de Inverno e os Jogos Asiáticos, para demonstrar solidariedade e coletividade entre as Coreias; o estabelecimento e modernização de ferrovias e estradas entre os dois países de Seul a Sinuiji; visita oficial do presidente Moon Jae-In a capital norte-coreana durante o outono, entre outros pontos. Cabe observar desde já se o que foi acordado neste encontro será respeitado pelo líder norte-coreano.

 

Assinatura formal de um acordo de paz: utopia ou realidade?


A ideia é que ocorra uma série de encontros ao longo do ano de 2018 para que se chegue a um acordo de paz formal, com o consentimento dos EUA e da China, ambos combatentes na Guerra da Coreia. Vale destacar que em nenhum momento se falou da reunificação entre as duas coreias, mas da união entre elas em prol iniciativas conjuntas, estreitamento de laços e união de esforços para o desenvolvimento de ambas. Esta reunião que ocorreu na Zona de Desmilitarização da Coreia simboliza uma cimeira histórica, já que representa a primeira vez que o ditador King Jong-Un atravessa a fronteira, a segunda viagem internacional feita por ele e um dos pouquíssimos encontros celebrados pelos representantes dos dois países desde a Guerra da Coreia que culminou com a separação da península em 1953.

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