Olá, sapientes!
É tempo de eleições também nos Estados Unidos da América. Na última terça-feira (06/11), os americanos foram convocados às urnas para as chamadas midterms, eleições que ocorrem no meio do mandato presidencial. A cada dois anos, a Casa dos Representantes, câmara baixa do Congresso americano, tem renovados todos os seus 435 assentos. Em 2018, também ocorreu votação para 35 dos 100 assentos do Senado e 39 dos 50 cargos de governador estadual.
Vamos analisar o que aconteceu?
Casa dos Representantes
O resultado das midterms na câmara baixa foi claramente favorável ao Partido Democrata, atualmente na oposição. Os azuis ganharam 28 novos assentos em relação a 2016, atingindo maioria na Casa. O feito quebra a maioria formada por republicanos, que dominavam a Casa há oito anos. Aqui, foi essencial o voto em distritos urbanos e suburbanos.
Senado
No Senado, os republicanos não só mantiveram sua maioria, como também aumentaram a diferença em relação aos democratas. Agora, 51 dos senadores são do Partido Republicano — partido do presidente Donald Trump —, contra 46 senadores do Partido Democrata (os outros 3 são independentes). Para esse feito, foi fundamental a afeição que o presidente Trump tem em distritos da zona rural. É interessante destacar que, mesmo que os senadores democratas tenham sido mais votados (56,9% do total), a distribuição dos votos no sistema distrital fez com que a maioria dos distritos concentrassem votos republicanos (o partido teve 41,5% dos votos).
Governos
Nas eleições governamentais o crescimento democrata também foi visível: o partido passou de 16 para 23 governadores. Enquanto isso, seis governadores republicanos perderam o cargo, mas o partido ainda controla 26 estados da União. Houve batalhas muito acirradas: na Flórida, por exemplo, o republicano Ron DeSantis está com uma vantagem de pouco mais de 40 mil votos do candidato democrata, Andrew Gillum (até agora, 99% das urnas foram apuradas).
Quem está no controle dos governos também será decisivo após as eleições de 2020. É porque, com a divulgação do novo censo, os governadores poderão fazer a redistribuição dos distritos, e quem estiver no poder pode usar isso para criar distritos a seu favor — é o chamado gerrymandering.
Balanço geral
Mais do que em outros mandatos, as midterms de 2018 foram uma espécie de referendo do governo Trump, visão adotada tanto pelos democratas — que apostaram todas as fichas na chamada Onda Azul — quanto pelo próprio Trump — que foi uma figura constante em diversos comícios republicanos. Apesar da vitória democrata na Casa, os resultados das midterms revelam um país cada vez mais polarizado. Trump perde o controle bicameral, o que aumenta as chances de investigações sobre sua relação com os russos.
As eleições também trouxeram um Congresso mais feminino, jovem e diverso. As mulheres agora são 22% do total de congressistas, um aumento de 2% em relação a 2016 (sim, ainda é pouco em relação a padrões europeus, por exemplo). Houve aumento da participação de negros, como com a eleição de Ayana Pressley, primeira congressista negra em Massachussets. Além disso, pela primeira vez foram eleitas uma mulher indígena e duas mulheres muçulmanas — Deb Haaland, Ilhan Omar e Rashida Tlaib, respectivamente. Para além do Congresso, também foi eleito o primeiro governador abertamente homossexual — Jared Polis, do Partido Democrata do Colorado.
O novo Congresso americano assume em janeiro de 2019. Resta saber como será sua relação com a administração Trump e sua influência paras as eleições de 2020.
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