Seja Diplomata, Faça Sapientia Recorde de Aprovação no CACD

Conteúdo Sapiente

Complemente seu Estudo



Atualidades

Coreia do Sul e Coreia do Norte iniciam a 3ª cúpula com Kim Jong-un, mas EUA continuam cautelosos

Coreia do Sul e Coreia do Norte iniciam a 3ª cúpula com Kim Jong-un, mas EUA continuam cautelosos

Conteúdo postado em 19/09/2018

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, chegou a Pyongyang nesta terça-feira (18) para sua terceira cúpula com o líder Kim Jong-un, enquanto tenta reiniciar as negociações de desnuclearização entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos.

 

Kim recebeu pessoalmente o seu convidado no Aeroporto Internacional de Pyongyang, onde os dois dirigentes se abraçaram após Moon descer as escadas do avião. Os dois líderes, acompanhados de suas esposas, riram durante alguns minutos.

 

Centenas de pessoas se alinharam no asfalto do aeroporto - onde Kim supervisionou o lançamento de mísseis no ano passado em meio às tensões - exibindo bandeiras norte-coreanas e da península não dividida.

 

Moon passará três dias na Coreia do Norte, seguindo assim os passos de seus antecessores Kim Dae-jung, que viajou a Pyongyang no ano 2000, e Roh Moo-hyun, seu mentor e que visitou o vizinho em 2007.

 

Moon e Kim, que mostraram uma boa relação pessoal durante seus encontros anteriores, se reunirão ao menos duas vezes em Pyongyang.

 

O chefe de Estado sul-coreano tentará convencer as autoridades do Norte a tomar medidas significativas para o desarmamento.

 

Entenda o background

 

Quando o presidente Moon Jae-in da Coreia do Sul se reunir hoje, terça-feira, com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, eles terão um objetivo em comum: formular uma declaração política este ano declarando o fim de a Guerra da Coreia.

 

Essa declaração, embora não seja um tratado juridicamente vinculante, poderá ter repercussões de longo alcance, ajudando a Coreia do Norte a escalar sua campanha pela retirada das tropas americanas do sul conforme disseram analistas. Por essa e outras razões, os Estados Unidos têm fortes reservas sobre esse avanço.

 

A guerra de 1950-53 nunca foi formalmente encerrada com um tratado de paz (o BlogSapi tem um post sobre  a Guerra da Coreia incrível para revisão!). Em vez disso, ela foi suspensa com uma trégua depois de três anos de combate entre as forças da ONU lideradas pelos norte-americanos que defendem o sul e as tropas comunistas da Coreia do Norte e da China. Isso deixa a península coreana dividida e, tecnicamente, ainda em guerra embora a luta tenha terminado há 65 anos.

 

Por décadas, a Coreia do Norte fez de um tratado de paz uma exigência central em suas negociações com Washington sobre o fim de seu programa de armas nucleares. Quando Moon conheceu Kim em abril para sua primeira reunião de cúpula, concordou em pressionar os Estados Unidos e, talvez, a China também a se unirem às duas Coreias em uma declaração conjunta de fim de guerra este ano, um prelúdio de construção de confiança para negociar um tratado formal de paz.

 

"Será uma declaração política expressando uma vontade comum de acabar com as relações hostis e coexistir pacificamente", disse Moon em julho.

 

O governo de Moon diz que tal declaração encorajará a Coreia do Norte a desnuclearizar, diminuindo seu medo das intenções americanas. Kim, por sua vez, disse que estava disposto a desnuclearizar durante o primeiro mandato do presidente Trump - mas apenas se Washington adotasse ações recíprocas, começando com uma declaração de fim de guerra, segundo enviados sul-coreanos que se encontraram recentemente com o mandatário norte-coreano.

 

Mas Washington insiste que a Coreia do Norte muitas vezes traiu as negociações passadas. Nesse sentido, gostaria de que primeiramente o Norte tomasse medidas mais concretas para a desnuclearização - como submeter uma lista completa de suas armas nucleares e materiais fósseis para verificação - antes de ser recompensado.

 

Ao iniciar sua visita de três dias a Pyongyang na terça-feira,  Moon tem como um de seus principais objetivos a contribuição para a  diminuição das diferenças entre Washington e Pyongyang.

 

Moon disse que os dois lados pediram a ele que trabalhasse como "negociador-chefe". Se conseguir superar o impasse histórico ao mediar uma troca entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, isso poderá levar a uma segunda negociação entre o Trump e o Kim. Mas se Moon falhar, poderá novamente reacender, ou até, aumentar as tensões na península, dizem os analistas.

 

Mas críticos alertam que, ao pressionar pelo fim da guerra às pressas, Moon arriscou abrir uma "caixa de Pandora".

 

Kim Sung-han, ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, professor na Universidade da Coreia em Seul, capital do Sul, disse que se os EUA apenas fizerem a Coreia do Norte congelar seu programa nuclear em troca de uma declaração de fim de guerra, terá desistido demais.

 

“Isso levará a Coreia do Norte a intensificar sua campanha para desmantelar o Comando das Nações Unidas e enfraquecer a aliança Coreia do Sul-EUA, em vez de se concentrar na desnuclearização”, disse ele.

 

O chamado Comando das Nações Unidas liderado pelos EUA, criado para combater a Guerra da Coreia, permaneceu na Coreia do Sul supervisionando o armistício que interrompeu a guerra em 1953. Se a guerra explodir novamente, automaticamente liderará a luta contra a Coreia do Norte, mobilizando cerca de 28.500 americanos com tropas baseadas na Coreia do Sul e reforços de bases militares americanas no Japão e em outros lugares.

 

Para os aliados sul-coreanos e americanos, o comando continua a ser seu baluarte contra ameaças norte-coreanas. Ao longo dos anos, o Norte pediu incansavelmente o desmantelamento do comando, chamando-o de símbolo do zelo norte-americano para reiniciar a guerra.

 

O general Vincent K. Brooks, chefe do Comando das Nações Unidas e Forças Americanas na Coreia do Sul, disse que os aliados devem resolver com a Coreia do Norte o que uma declaração de fim de guerra "significa".

 

Détente

 

Essa visita pouco frequente é um novo sinal do atual degelo na península, que já permitiu uma primeira cúpula intercoreana, no final de abril, na localidade de Panmunjom, situada na Zona Desmilitarizada que separa as duas Coreias.

 

O presidente sul-coreano que voltou a se reunir com Kim em maio teve um papel-chave para propiciar a cúpula histórica entre o líder norte-coreano e o presidente americano, Donald Trump, em 12 de junho em Singapura.

 

Na ocasião, Kim se comprometeu a obter "a desnuclearização da península", uma meta confusa, mas que permite todo tipo de interpretação. A realidade é que Washington e Pyongyang ainda tratam de chegar a um acordo sobre o significado exato desse compromisso.

sugestao-de-leitura-para-o-cacd-o-quinze

ARTIGOS RELACIONADOS