Dicionário de sociologia para o CACD: Regiões Produtivas do Agronegócio (RPAs)

Olá, sapientes!

As transformações ocorridas na atividade agropecuária no Brasil desde os anos 1960 têm provocado grande reorganização do território brasileiro, resultando em novos arranjos territoriais. Entre esses, estão as Regiões Produtivas Agrícolas (RPAs). 

Em um contexto em que os grandes investimentos produtivos estão cada vez mais marcados pela fluidez e a evolução tecnológica permite superar vulnerabilidades, bem como aumentar o leque de opções de como o espaço será utilizado, os fatores locacionais clássicos são redimensionados. Com isso, ocorre o que se convencionou chamar de desterritorialização, com a dispersão espacial da produção, e reterritorialização dos sistemas produtivos, com a fragmentação do território em pontos específicos que concentram cada tipo de produção.

Nesse processo, acaba havendo paralelamente uma intensificação da divisão social e territorial do trabalho e de aumento da interdependência entre setores, como vemos na formação de complexos agroindustriais. O resultado disso são diferentes arranjos territoriais produtivos agrícolas, entre os quais classificamos as Regiões Produtivas do Agronegócio (RPAs).

O que faz uma RPA ser uma RPA?

As RPAs estão em todas as regiões do país e são compostas por espaços rurais com alto investimento produtivo juntamente com espaços urbanos, principalmente cidades de porte médio - as que crescem em maior velocidade na atualidade. Esse conceito pode ser entendido como áreas híbridas, de grande característica econômica agropecuária, desenvolvidas próximas a espaços metropolitanos, cidades médias ou pequenas.

No entanto, o que faz uma RPA ser uma RPA é o fato da produção agropecuária moderna, geralmente voltada para a exportação, impactar a dinâmica produtiva regional e influenciar a formação de redes agroindustriais.

São elas que recebem os investimentos produtivos mais expressivos e fazem parte do agronegócio globalizado, sendo as áreas mais competitivas do setor agropecuário, fazendo florescer também toda uma economia paralela de bens e serviços nas áreas próximas mais urbanizadas. Como consequência, a diferenciação entre campo e cidade fica cada vez menos distinta.

Outro fator relevante dessas regiões produtivas é a integração com as cadeias globais e a demanda externa por commodities. Os críticos falam em ingerências exógenas, em relação às normas e modelos que o mercado internacional acaba impondo sobre a produção local, além de outras exigências de investidores externos.

Ainda assim, mesmo com os problemas que podem gerar, atualmente, as RPAs fazem parte das produções mais expressivas do Brasil e são o sistema pelo qual o país é inserido no comércio internacional.

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