
Quero ser Diplomata, e agora?
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O Dia do Diplomata, celebrado em 20 de abril, data do nascimento do Barão do Rio Branco, é um marco simbólico da diplomacia brasileira. Mas, além de uma homenagem ao patrono do Itamaraty, a data também nos convida a refletir sobre a cara da diplomacia hoje: quem representa o Brasil no exterior? Que vozes compõem o corpo diplomático? A diplomacia é, de fato, para todos?
Durante muito tempo, a carreira diplomática no Brasil foi vista (e foi, de fato) como um grupo extremamente restrito. A exigência acadêmica elevada, somada ao altíssimo nível de competitividade do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), criaram uma estrutura de acesso que, na prática, favoreceu camadas da população com acesso privilegiado à educação de qualidade, à cultura e ao tempo livre para se preparar. Por muito tempo, o Itamaraty foi quase um espelho das elites econômicas e sociais brasileiras.
Essa realidade, no entanto, começou a ser transformada com mais velocidade nas últimas décadas. Hoje, ao lado do compromisso com a eficiência e com o mérito, o Itamaraty tem assumido também um compromisso com a representatividade e com a inclusão.
A pergunta não é mais apenas "quem passou na prova?", mas também: "quem teve as condições de chegar até aí?" Vamos às respostas delas neste artigo?
Não há dúvida de que o CACD é uma das seleções mais exigentes do país. Domínio (ainda que instrumental) de línguas estrangeiras, atualidades, política internacional, direito, economia, história, literatura brasileira... A lista de conteúdos é extensa, e o nível de profundidade exigido é alto. Mas a meritocracia, nesse caso, não pode ser lida de forma isolada: é preciso considerar o ponto de partida de cada candidato.
A verdade é que a educação de qualidade, principalmente no ensino público, ainda é uma questão sensível e desigual no Brasil. Muitos jovens negros, pobres, de regiões periféricas ou de zonas rurais enfrentam uma realidade educacional precária, que dificulta não apenas o acesso ao CACD, mas também a permanência em uma rotina de estudos de longo prazo.
Reconhecendo essas desigualdades estruturais, o Instituto Rio Branco e o Ministério das Relações Exteriores passaram a implementar medidas de ação afirmativa. Um dos principais marcos foi a criação do Programa de Acesso à Carreira de Diplomata (PACD), que oferece bolsas de estudo para candidatos negros, com o objetivo de ampliar sua presença no corpo diplomático.
A existência de cotas raciais no CACD — garantidas por lei — também é um mecanismo relevante nesse processo. Adicionalmente, o concurso passou a reservar vagas para pessoas com deficiência e mulheres, com o intuito de corrigir desequilíbrios históricos de representação.
A diplomacia, por sua natureza formal e hierarquizada, muda com parcimônia. Mas muda. E o crescimento gradual de diplomatas com trajetórias diferentes, com sotaques diversos e com experiências plurais, é um sinal promissor de que o Brasil começa a ser representado por uma amostra mais real da sua própria população.
Assim como a política externa brasileira tradicionalmente pautou-se na associação não contraditória entre o realismo e o idealismo, a busca por diversidade na diplomacia também precisa equilibrar os pés no chão com os olhos no horizonte. Sabemos que não é possível transformar a estrutura social de um país por meio de um concurso. Sabemos que há desigualdades profundas que precedem e ultrapassam o Itamaraty. Mas isso não é motivo para a inação.
Ao reconhecer as limitações do presente, o MRE não tem se rendido a elas. Tem buscado desenhar caminhos, abrir portas, construir pontes. Como na teoria realista, reconhece os dados da realidade. Mas como na tradição idealista da diplomacia brasileira, não abre mão do compromisso com um país mais justo, mais plural e melhor representado no mundo.
Celebrar o Dia do Diplomata não é apenas relembrar o legado do Barão do Rio Branco. É também pensar no futuro da carreira, nos rostos que compõem o Itamaraty e nas vozes que queremos ouvir nas próximas décadas. É entender que a diplomacia é uma função de Estado e, como tal, deve refletir a diversidade da sociedade que representa.
O Brasil é plural. Sua diplomacia também precisa ser. E cada esforço nessa direção — seja por meio de políticas públicas, seja por meio da formação de candidatos diversos, seja pela criação de ambientes mais inclusivos — é um passo fundamental para garantir uma representação mais justa, mais legítima e mais eficaz do país no mundo.
A pergunta inicial permanece: a diplomacia é para todos? Hoje, a resposta mais honesta é: ainda não. Mas pode (e deve) ser. Com políticas de incentivo, com reconhecimento das desigualdades, com acolhimento das diferenças e com a valorização de mérito aliado à oportunidade, é possível construir um Itamaraty mais plural.
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Se você sonha em representar o Brasil no exterior, saiba que há espaço para você. Que há um país esperando pela sua voz. E que o caminho pode começar hoje.
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Uma abordagem prática e honesta sobre foco, equilíbrio e confiança na sua trajetória.
A carreira diplomática é frequentemente associada a eventos de gala, negociações de alto nível e viagens internacionais. No entanto, por trás dos bastidores, a verdade é que a carreira diplomática é construída sobre experiências humanas profundas, desafios práticos e aprendizados que extrapolam as páginas dos livros.
Em uma era em que a informação circula em tempo real, a diplomacia enfrenta um de seus maiores desafios: equilibrar a necessidade de transparência com a obrigatoriedade do sigilo. O filme O Quinto Poder (The Fifth Estate, 2013), dirigido por Bill Condon, mergulha exatamente nesse ponto de tensão.